Dengue:
É uma doença viral aguda de curta duração, gravidade variável, não contagiosa, que ocorre nas áreas tropicais e subtropicais, onde há condições para o desenvolvimento do mosquito transmissor. Apresenta-se de varias formas, não havendo até o momento uma classificação definitiva. O enfermo com Dengue é a fonte de infecção do inseto vetor. Que ao picar um enfermo com dengue, será capaz de transmitir a doença durante toda a sua vida. No Brasil, o vetor é o Aedes aegypti (Díptera: Culicidae), um mosquito originário da África, de hábitos diurnos que coloca seus ovos milímetros acima da superfície, em água parada de preferência limpa ao amanhecer e no período vespertino, próximo ao crepúsculo. Locais estes que podem recebe e armazenar água da chuva. Quando chove e o nível da água sobe, entra em contato com os ovos, acontecendo à eclosão dos mesmos em larvas em cerca de 30 minutos. No prazo de 08 dias, completa-se o ciclo de vida: ovo, quatro estágios larvais, de pupa e finalmente inseto adulto. Quanto maior a densidade do vetor em determinada área, maior a chance de ocorrer uma epidemia. os mosquitos adultos não apresentam grande dispersão normalmente, os machos costumam permanecer próximos aos criadouros, onde ocorre o acasalamento. As fêmeas apresentam hábitos diurnos e para maturação dos ovos, praticam hematofagia, apresentando de dois a três ciclos gonotróficos durante a vida e uma oviposição de 100 a 200 ovos por vez. Após a eclosão dos ovos, passam por quatro estágios larvais e a fase final de desenvolvimento aquático é representada pelas pupas. Em condições ótimas, acredita-se que o período larvário pode completar-se em 5 dias, ou estender-se por semanas, em condições inadequadas (baixa temperatura e escassez de alimento). Os ovos medem aproximadamente 1 mm de comprimento e de contornos alargados. No momento da postura são brancos, mas rapidamente adquirem a cor negra em menos de 48 horas. Podem suportar longos períodos de até 02 anos de seca e serem transportados por longas distancias aderidos às bordas dos recipientes. Quanto maior o numero de indivíduos susceptíveis, maior a chance de epidemia. A presença do vetor está associada aos fatores do ambiente como temperatura, altitude e presença de criadouros. A partir dos anos 60 houve grande fluxo migratório das zonas rurais para a periferia das grandes cidades. As pessoas vinham para a cidade à procura de melhores condições de vida, entretanto acabavam vivendo em favelas, sem saneamento básico e com abastecimento de água potável deficiente. A dificuldade em prover essas pessoas desses recursos básicos decorreu, não só da incapacidade dos governantes, mas também do aumento rápido e desordenado das populações urbanas. Além desse fluxo migratório em direção aos grandes centros, verificou-se, em todo o mundo, aumento da mobilidade da população e do fluxo de turistas. Com a rapidez dos meios de transportes, é possível o deslocamento de indivíduo infectado pelo vírus do dengue para área infestada pelo Aedes aegypti em poucas horas, iniciando novo surto ou epidemia. O vírus do dengue é um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) pertencente à família Flaviviridae (gênero Flavivirus) que inclui aproximadamente 70 vírus, sendo que cerca de 30 causam doenças ao homem. São conhecidos 4 sorotipos de vírus causadores de dengue, classificados como: 1, 2, 3 e 4. As partículas virais são esféricas e constitui um envelope lipoproteico, um nucleocapsídeo contendo uma proteína central e uma fita simples de RNA. A replicação viral é intracelular e intracitoplasmática. O homem é o único hospedeiro vertebrado do vírus até o momento, alguns interrogam a possibilidade do macaco? A fonte de infecção e o hospedeiro vertebrado é o homem, embora tenha sido descrito, tanto na Ásia como na África, um ciclo selvagem envolvendo macacos. O homem é fonte de infecção para o vetor durante a quando houver vírus no sangue (período de viremia), ou seja, um dia antes e cinco dias após o inicio dos sintomas. Além disso, o fato de não haver imunidade cruzada entre os quatro sorotipos virais, permite que indivíduos que já tiveram dengue pelo sorotipo Den-1, por exemplo, permaneçam susceptíveis aos demais sorotipos, podendo se infectar e desenvolver a doença. Os criadouros dos mosquitos transmissores do dengue estão relacionados a diversos fatores que variam de acordo com a estrutura urbana de saneamento. Os aspectos socioeconômicos e culturais das comunidades humanas, pois deles dependerão a estocagem de água, tipos de utensílios utilizados, forma de descarte de materiais inservíveis, características das edificações, deslocamento de mercadorias, entre outros. No Brasil, vasos de plantas, pneus, caixas d’água, floreiros em cemitérios foram inicialmente identificados como criadouros preferenciais do Aedes aegypti. Posteriormente, verificou-se que a eliminação desses criadouros levava o inseto vetor a se adaptar a outros criadouros tais como ralos e canaletas de drenagem pluvial presentes, inclusive, em bairros residenciais com uma adequada estrutura urbana. A dispersão espontânea de um mosquito fêmea adulto é em média de 30 a 50 metros, o que limita suas visitas a duas ou três casas durante sua vida, porém sua dispersão depende da disponibilidade de criadouros. Assim, fêmeas adultas com poucos locais de oviposição são mais eficientes na dispersão do vírus. Podendo alcançar quando necessário grande distancia até 03 quilômetros ou alturas de mais de mil metros. O mosquito adulto apresenta voo rápido em zigue-zag, com um zumbido discreto. O que demonstra a grande capacidade e adaptação do vetor nos diferentes contextos ecológicos. Após o período de incubação que dura de 03 a 15 dias (+/- 07 dias), surge à febre que é o sintoma mais frequentemente relatado pelos enfermos, mas não é o único. Um dia antes dos primeiros sintomas e até cinco dias após, corresponde a viremia, ou seja, o período de transmissibilidade. Apenas a fêmea é hematófaga, realizando a postura após cada repasto que se não for suficiente poderá picar varias pessoas diferentes. O Aedes vive em media de 30 a 35 dias. A transmissão transovariana do vírus ocorre em torno de 40%, ou seja, nesse percentual a prole do Aedes aegypti já nasce infectada.
Em resumo: os sintomas da dengue surgem de 03 a 15 dias após a picada do mosquito fêmea, que é o vetor infectado pelo vírus. E, um dia antes e até 05 dias após o início dos sintomas, o enfermo é capaz de transmitir o vírus ao ser picado pelo mosquito vetor. Após a picada pelo Aedes fêmea, ocorre a multiplicação viral nos linfonodos, a seguir ocorre a disseminação via hematogênica a todos os tecidos e órgãos (viremia). A febre é um sinal clássico de alerta do organismo.
As formas clínicas podem ser varias desde uma forma assintomática, uma febre indiferenciada da dengue, o dengue clássico, o com complicações. A febre hemorrágica do dengue e a síndrome do Choque por Dengue.
Sinais e sintomas inespecíficos da dengue: apatia, adinamia, sonolência, recusa da alimentação, alteração do paladar, irritabilidade, pode ocorrer vômitos e diarreia, geralmente sem manifestações respiratórias, em crianças pode ocorrer um choro persistente.
A forma assintomática do dengue pode ocorre quando alguém e infectado pelo vírus e não apresenta sintomas. Há hipóteses sobre tal fato como uma característica do vírus ser de baixa virulência, ou devido a características imunológicas do individuo.
Caso suspeito da dengue: cefaleia, dor retro ocular, mialgia, prostração, exantema. Solicitar exame laboratorial de sangue básico em caráter de urgência.
Febre indiferenciada do dengue é uma manifestação comum e frequente do dengue. Apresenta-se como uma febre indiferenciada, assemelhando-se à uma síndrome gripal. Mais frequente em lactente e pré-escolar. Sendo semelhante a outras viroses comuns da infância, podendo ocorrer os seguintes sintomas: febre, exantema maculopapular, rubor facial, mal estar, irritabilidade, hiperemia da orofaringe e outros sintomas de vias aéreas superiores.
Dengue clássico: o quadro clínico pode ser muito variável. Geralmente, a primeira manifestação é a febre (de 39 a 40ºC), de início abrupto. Seguida de cefaleia, prostração, artralgia (dor nas articulações), mialgia, anorexia (perda de apetite), náusea, vômitos, astenia, dor retro-orbital, náuseas, vômitos, prostração, vasculite dérmica (exantema) e um prurido cutâneo. Pode ocorrer, ocasionalmente, hepatomegalia dolorosa. Alguns aspectos clínicos podem estar relacionados com a idade do paciente. A dor abdominal generalizada pode ocorrer, principalmente, nas crianças. Os adultos podem apresentar pequenas manifestações hemorrágicas os como: petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. A duração da doença varia de 5 a 7 dias. Geralmente com o desaparecimento da febre ocorre a regressão dos sinais e dos sintomas, podendo ainda persistir a fadiga. No exame laboratorial pode ser encontrada uma leucopenia, plaquetas normais ou diminuídas.
Febre hemorrágica da Dengue (FHD) é um caso confirmado laboratorialmente e com os seguintes critérios: febre intensa ou historia de febre recente de até sete dias, plaquetas igual ou menor que 100 000 células/mm³, fenômenos hemorrágicos espontâneos, prova do laço positiva, epistaxe, gengivorragia, equimoses, petéquias na face e no palato, aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de plasma (aumento do hematócrito, hipoproteinemia, derrame pleural e ascite). Febre Hemorrágica da Dengue (FHD): os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas, derrame cavitário, instabilidade hemodinâmica e ou choque. Estando associada a uma maior letalidade, determinada por fatores individuais, virológicos, imunológicos, agilidade e efetividade da assistência médica. Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos (sub-ungueal), uma hepatomegalia e insuficiência circulatória. Um achado laboratorial importante é a trombocitopenia com hemoconcentração concomitante. A principal característica fisiopatológica associada ao grau de severidade da FHD é a efusão do plasma, que se manifesta através de valores crescentes do hematócrito e da hemoconcentração.
Dengue com complicações (DCC): é todo caso que não se enquadra nos critérios de Febre Hemorrágica da Dengue e sua classificação como Dengue Clássico é insatisfatória ante a gravidade do quadro clínico e laboratorial. Sinais: alterações graves do sistema nervoso, disfunções cardiorrespiratórias, insuficiência hepática, plaquetopenia (menos ou 50 000 células/mm³), hemorragia digestiva, derrames cavitários, leucometria global menor ou igual a 1.000 células/mm³ que pode levar ao óbito. Complicações da Dengue: encefalopatia, encefalite, insuficiência hepática aguda, síndrome de Reye, infarto agudo do miocárdio, miocardiopatia, miocardite, insuficiência renal aguda e síndrome hemolítica urêmica.
Manifestações atípicas do dengue: hepatite fulminante, colecistite acalculosa, pancreatite aguda, parotidite aguda, bloqueios atrioventriculares, fibrilação atrial, outras arritmias cardíacas, ruptura esplênica, síndrome da angustia respiratória, insuficiência renal aguda, miosite e infartos ganglionares.
Sinais de alarme: hepatomegalia dolorosa, derrames cavitários, cianose, pulso rápido e fraco, extremidades frias, hipotensão postural ou PA convergente (pinçamento arterial), aumento hematócrito e diminuição das plaquetas.
Síndrome do Choque da Dengue: forma grave que pode surgir entre o 3ª ao 7ª dia da doença. È consequência do aumento da permeabilidade vascular seguido de um extravasamento plasmático. Pode se manifestar antes dos fenômenos hemorrágicos ou mesmo na sua ausência. Sintomatologia: agitação, sonolência, pele fria e pegajosa, hipotensão grave, dores abdominais, hepatoesplenomegalia, ascite, e derrame pleural mais a direita. Posteriormente ocorrem manifestações de insuficiência circulatória, como letargia, pele fria e pegajosa, sudorese, cianose, pulso rápido e fraco. Pinçamento arterial com a PA baixa e convergente.
Na ausência de uma intervenção médica vigorosa instam-se acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada. Ocorre um PA imensurável e há ausência de pulso. Que pode evoluir para óbito num espaço de 4ª a 6ª horas se não tratada adeguadamente.
A grande maioria dos estudos apresentados na literatura avalia grávidas hospitalizadas podendo amplificar a gravidade do quadro (viés de seleção). Independente deste fato as gestantes devem ser incluídas no grupo de risco tanto para a gestante como para o feto. Os processos fisiológicos da gravidez podem confundir e atrasar o diagnostico da Dengue. Quando a infecção ocorre próximo do parto existe uma maior possibilidade do neonato tornar-se doente, risco do neonato adquirir as defesas da mãe que já teve dengue levando ao risco de uma enfermidade grave com outro sorotipo. O extravasamento do plasma associado ao dengue pode comprometer a circulação placentária, gestantes com comobirdades como a diabetes, asma brônquica e anemia falciforme. Importante ressaltar o aumento de formas graves da doença em crianças, que poderiam ter recebido anticorpos da mãe de determinado sorotipo e ao ocorrer dengue de outro sorotipo levar a uma forma mais grave. Imunidade: a imunidade para um mesmo sorotipo (homóloga) é permanente. Entretanto, a imunidade cruzada (heteróloga) existe temporariamente. A fisiopatologia da resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode ser primária ou secundária. A resposta primária se dá em pessoas não anteriormente expostas aos flavivírus e o título de anticorpos se eleva lentamente. A resposta secundária se dá em pessoas com infecção prévia aos flavivírus e o título se eleva rapidamente.
OLá gostaria de obter mais informaçoes sobre o tratamento em caso de dengue com pancreatite, estou a 3 semanas sofrendo com isso,não estou internada mas as dores não param, os médicos passaram remédios pra dor,preciso de mais informações,obrigada.Meu email:anamtmtc@yahoo.com.br
ResponderExcluirAlôô!!!
ResponderExcluirCompus uma música entitulada, Dengue, tô fora.
Acesse o youtube ( Dengue tô fora Leticia Pires)
http://www.youtube.com/watch?v=pbmKH_-tleU
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