Dengue e cidadania
Estatisticamente para cada 63 habitantes em Mato Grosso um contraiu dengue neste ano. Esse é o quadro real da hiperendemia que assola mais intensamente Cuiabá, mas que não exclui os municípios interioranos.
Os números da dengue revelados ontem pela Secretaria de Estado de Saúde são altamente preocupantes. De janeiro a 21 deste mês foram registrados 48.049 casos de dengue em Mato Grosso sendo 1.419 da forma mais grave da doença. No período o serviço de saúde confirmou a dengue como causa de 48 mortes e outros seis casos estão sob investigação. Somente em Cuiabá foram notificados 11.861 casos, com 336 considerados “graves”, que resultaram em 11 mortes e três casos suspeitos.
Esse cenário sombrio também causou vítimas fatais em Rondonópolis, Várzea Grande, Tangará da Serra, Rosário Oeste, Jaciara, Aripuanã, Diamantino, Juara, Nova Mutum, Tapurah, Mirassol D’Oeste, Barra do Garças, Alta Floresta e Curvelândia, ou seja, a dengue espalhou-se por todas as regiões e se manifesta em cidades sem que em nenhuma as autoridades consigam vencê-la.
A incidência da dengue em Mato Grosso é resultado da omissão social e oficial, mas principalmente da primeira, pois o estado em todas as suas esferas não tem condições de eliminar o mosquito Aedes aegypti, que é seu vetor, sem contar com a efetiva participação popular.
A tendência e que a dengue ganhe contornos mais graves ainda em Mato Grosso no período das chuvas, que se estende ao começo de abril. Esse quadro que se anuncia somente poderá se reverter se houver radical mudança de conceitos e de costumes por parte da população.
Enquanto o cidadão não se conscientizar sobre a necessidade de eliminação dos criadouros do mosquito, enquanto o combate ao vetor não for visto na condição de ato de cidadania Mato Grosso continuará sepultando crianças e adultos vítimas da doença, os hospitais permanecerão abarrotados com pacientes com dengue e o poder público manterá o alto custo dos tratamentos médicos dos atingidos pela doença.
A dengue é um dos casos de doença evitável e para tanto exige somente mudança comportamentais da população. É lamentável sob todos os aspectos que a apatia coletiva ou de segmentos da comunidade coloque em risco toda a população. Diante desse fato o estado deveria criar mecanismos que lhe conferissem poderes para punir severamente quem se omitisse ou contribuísse para o agravamento da dengue.
Se não houver uma ação vigorosa para forçar o cidadão a assumir seu papel no enfrentamento da dengue, a cada ano essa doença tomará proporções ainda mais alarmantes e causará maiores danos à população. O bordão da campanha oficial do Ministério da Saúde contra o Aedes aegypti diz que não se pode perder a guerra contra o mosquito, quando na verdade o mote deveria ser: não se pode perder a guerra para os aliados do mosquito vetor da dengue.
“Dengue em Mato Grosso é resultado da omissão social e oficial, mas principalmente da primeira”
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